quarta-feira, 4 de abril de 2012

Yar - padeira

As lembranças começam a passar em sua mente. Lembra-se da sua infância. Pensou em seus pais, na sua mãe que não conheceu. Sabia apenas que era mulher livre do sul que tinha ido para uma vila  no norte,  onde conheceu seu pai em quem despertou uma paixão imensa. Ao unirem-se, sua mãe fica grávida, mas tem uma gestação difícil, vindo a morrer ao lhe dar a luz.
Foi criada pelo pai, que lhe tinha adoração, com a ajuda de uma mulher vinda do sul.

Naquela terra, numa vila Thorvadsland, num pequeno sítio,  nasceu e cresceu amando a vida e a natureza. Aprendeu a gostar de plantas e a conhecer ervas, que pareciam sempre crescer ao contato de suas mãos e ao som de sua voz. Desenvolveu com elas a sensibilidade especial  no trato com as pessoas que hoje possuía.
Do seu  pai herdou o temperamento forte, destemido e de certa forma independente, que tinha sede de conhecer e saber. Herdou também a cor dos cabelos, ruivos  e os olhos verdes claros e penetrantes. Da sua genitora  herdou a beleza, o corpo bem delineado, os olhos grandes, a boca carnuda e a suavidade da voz.
Soube, na adolescência, que tinha uma irmã. Soube que sua mãe, era filha de um Scarlet e que ela quando morava no sul, deu a  luz a uma menina, após uma gravidez indesejada, deixando-a aos cuidados do médico da cidade em que vivia, antes de ir  para o norte escondida, para a vila  onde nasceu. Seu pai lhe disse que ela nunca mais a viu. Na vila ninguém sabia do  segredo de sua mãe,  que só foi lhe contado numa noite fria, em frente ao fogo da lareira, quando seu pai,  lhe falou com os olhos cheios de lágrimas a história de sua mãe, sentindo saudade da mulher amada.

Seu pai vem a falecer após um ataque a vila e além da dor de  sua  perda,  fica  sozinha no local devastado pela guerra.
Lembra-se de como se sentia sozinha naquela ocasião. ...
Com a ajuda de amigos, descobre o  paradeiro da irmã  que não conhecia e  parte a sua procura  encontrando-a na Cidade de Ti. Luny sua irmã,...  ah como agradecia a Odhim por isso.... Em Ti se estabelece e aproveitando seus dotes naturais monta uma pequena floricultura, onde o cheiro das flores lhe dá vida, fazendo-a lembrar da sua infância.
Embora o encontro com Luny tenha tido uma benção em sua vida faltava-lhe ainda uma família. Conhece Mad, um nórtico, irmão de seu cunhado Derfel. Mad se encanta com sua beleza e ela com seu coração e sua personalidade forte,  ligando-se a ele numa união free. A união com Mad, guerreiro valoroso e íntegro pareciam lhe dar a sensação de segurança que tanto precisava. Poderia, graças à amizade do guerreiro, estar no mundo goreano sem riscos e sem o medo de ser caçada ou capturada a qualquer momento.
Definitivamente parecia que não estaria mais sozinha......
 A vida parecia tranqüila, no entanto, mesmo amando a cidade que lhe recebera, decidira novamente a partir,  acompanhando seu free companhion, que após alguns meses sumido no mar,  retorna  mas  sai em busca de novos destinos , em função da  decadência da cidade.
Chegam aoa cidade de  Siwa, com sua caravana e escravas, depois de longa  viagem pelo deserto. Não sabia como tinha resistido ao imenso calor e a sede,  depois de muitas luas, ao chegar ao Oásis, perdendo de vista a areia quente do deserto.

Lembra de ainda menina ter escutado muitas historias daquelas terras. Terra  onde o vento traz tempestades, onde  os espiritos do sol reinam, onde a água é o bem maior . Olhava o mercado, onde as vozes dos comerciantes ofereciam suas mercadorias, no meio  dos sinos dos tornozelos das meninas  que faziam barulho e onde o negro dos haiks das mulheres se contrastava com o colorido dos challwar das escravas e de suas  joias, brilhos e perfumes.
Mad  consegue, junto ao Pasha da cidade, Kamal,  trabalho na guarda  recebendo  uma casa como pagamento pelos serviços. Imbuída do seu tino comercial, e contando com as economias guardadas, conversa com o Pasha e adquire a padaria da cidade para ter seu sustento e ajudar nas despesas da casa.
Pega a sua menina Atyla e as outras escravas, se dirigindo a casa, ordenando que pegassem as  coisas para colocar para dentro, ansiosa por um copo de água.
A água fresca toca seus lábios e as lembranças se afastam. Olha tudo ao redor  e embora com  corpo cansado mesmo assim sorri feliz...... O sol se põe salpicando o céu com estrelas prateadas numa visão impressionante. Seu coração é tomado novamente de esperança pensando na nova vida que começa. Os olhos se voltam à imensidão do deserto e a voz sai num murmúrio... "Tudo dará certo, que Ohdin nos proteja"....

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